domingo, 12 de dezembro de 2010

Blog, Twitter e Orkut vão contar histórias de favelas sob jugo do tráfico ou das milícias; anonimato será garantido

RIO - Durante a ocupação do Complexo do Alemão pelo estado no mês passado, depois de décadas de domínio do tráfico, foi comum ver moradores apontando para militares e policiais os esconderijos e as casas de traficantes. Os gestos e as vozes, mesmo que ainda tímidos, revelaram muito mais do que os redutos dos bandidos. Mostraram que a comunidade, que durante anos viveu amordaçada pela lei do silêncio imposta pelos criminosos, finalmente conseguia ter voz. Mas, se no Alemão a liberdade de expressão começa agora a ser mais do que um sonho distante, o mesmo não acontece na maioria das favelas do Rio, onde hoje cerca de 1,070 milhão pessoas ainda vivem sob o jugo de milicianos ou traficantes. Para conhecer suas histórias, O GLOBO lança hoje o projeto Favela Livre, um espaço que pretende, além de resgatar relatos de anos e anos de opressão nesses locais, discutir soluções.

O Favela Livre usará a nova tecnologia para falar dos velhos problemas das favelas cariocas. Um blog ( www.oglobo.com.br/favelalivre ) entrará no ar hoje, e leitores das comunidades dominadas poderão ter seus posts - contando sonhos, explicando como a violência afeta suas vidas, mostrando o sofrimento de perder um filho para o tráfico - publicados, após mediação de jornalistas do GLOBO. Os temas são livres e podem ir desde histórias cotidianas, como a obrigatoriedade de comprar botijões de gás por valores mais altos em locais indicados por milicianos, a textos sobre a esperança de mudanças nas favelas. Denúncias sobre crimes não fazem parte do projeto e serão encaminhadas à polícia. O anonimato - condição que, para muitos, significa a diferença entre morrer e continuar vivo - será garantido pelo GLOBO.

Especialistas em urbanização e violência urbana, por exemplo, também vão enviar artigos, selecionados pela editora assistente Liane Gonçalves e pelo editor adjunto Jorge Antônio Barros. Os 228 mil moradores das favelas que já têm uma das 13 Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) também podem colaborar, escrevendo sobre o que mudou com a presença do estado. O mesmo vale para os 102.735 habitantes dos complexos do Alemão e da Penha, que, embora não tenham ainda UPPs, viram seus territórios serem retomados pelo poder público.

Repórteres da Editoria Rio vão ganhar espaço para contar os bastidores de suas visitas às favelas e detalhes que não foram publicados no jornal e no site. A estreia nesse campo será de Antonio Werneck, que lembrará as duas vezes em que foi à Vila Cruzeiro ocupada pelos bandidos e os primeiros momentos da comunidade retomada pelo estado:

"Fui três vezes à Vila Cruzeiro. A primeira, quando o jornalista Tim Lopes desapareceu; a segunda, para cobrir um show de Caetano Veloso; e a última, quando as forças de segurança tomaram a favela. Só pude entrar sem dar explicações ou pedir autorização quando a região voltou ao controle do estado."

Além do blog, um perfil no Twitter ( www.twitter.com/favelalivre ) receberá mensagens dos moradores de favelas aonde a democracia ainda não chegou de fato, como mostrou a série "Os brasileiros que ainda vivem na ditadura", publicada pelo GLOBO em 2007. Ganhadoras de vários prêmios, as reportagens mostraram que direitos básicos, como liberdade de expressão, direito de associação e inviolabilidade do lar, eram constantemente desrespeitados.

Um dos casos que ilustraram a série foi a história do funcionário público Cláudio Daltro Barbosa, que tatuou nas costas uma carta de 13 linhas, misto de declaração de amor e despedida, endereçada ao filho, Diego, desaparecido após um desentendimento com um PM ligado à milícia da Vila Sapê, em Jacarepaguá. Diego e o miliciano discutiram por causa de uma mulher. Depois disso, ele passou a ser um dos cerca de 7.300 casos de desaparecimentos catalogados, de 1993 até junho de 2007 pelo Serviço de Descoberta de Paradeiros da Delegacia de Homicídios. No vácuo deixado pelo estado, a ditadura imposta por esses grupos no Rio produziu, em 14 anos, 54 vezes mais desaparecidos que os 136 registrados em todo o país nos 21 anos do regime militar.

O Favela Livre também estará no Orkut: hoje, entra na rede social um perfil do projeto e uma comunidade dedicada a ele. E-mails também serão uma fonte de contato dos leitores, moradores e demais colaboradores. Basta mandar as mensagens para favelalivre@gmail.com. Quem não tiver acesso à internet pode procurar o Serviço de Atendimento ao Leitor (SAL) do GLOBO, pelo número 2534-4324.

"O Favela Livre é um espaço para se discutir e se conhecer histórias, que não podiam ser contadas, de quem ainda vive a ditadura do tráfico e da milícia. É também um fórum de discussão entre especialistas, moradores de áreas com UPP. Nos acostumamos a achar normal que mais de um milhão de pessoas ainda vivam fora da democracia, sem os direitos dos cidadãos do asfalto. Sempre recebi muitos e-mails de moradores de favelas, querendo contar, anonimamente, suas vidas. Agora, abrimos esse espaço" diz o editor da Rio, Paulo Motta, que teve a ideia de criar o projeto.

Como participar

O blog do Favela Livre está no ar: www.oglobo.com.br/favelalivre

Siga no Twitter:

Usuários podem escrever para @FavelaLivre

No Orkut:

Foram criados o perfil Favela Livre e uma comunidade com o mesmo nome .

Serviço de Atendimento ao leitor (SAL): telefone para 2534-4324.

Mensagens também podem ser enviadas para o e-mail: favelalivre@gmail.com

Fonte: http://oglobo.globo.com/rio/mat/2010/12/11/blog-twitter-orkut-vao-contar-historias-de-favelas-sob-jugo-do-trafico-ou-das-milicias-anonimato-sera-garantido-923253425.asp

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

A catarse televisiva

Os padrões precisam ser respeitados, as condutas também. Formas politicamente corretas de montar uma matéria para TV, bem como a postura intocável e profissional de um repórter de telejornalismo precisa ser mantida para que a informação seja passada de forma idônea e mais direta possível. Tal análise é completamente aceitável e livre de constatações. Exceto quando se trata de estar cobrindo a maior guerra contra o tráfico de drogas que o Brasil já viu – o chamado factual.

Alguns profissionais que até então mostravam sua experiência em coberturas internacionais se juntaram àqueles que, mesmo com pouca quilometragem, já têm o ardor pela busca da informação. Na prática, o que vale é quem está no lugar certo, na hora certa. A respiração ofegante do repórter, a câmera tremida por corridas e passos apressados, são facilmente respeitadas e deixadas de lado.

Tanques, armas, bombas, tiroteios, tropas e traficantes. O que sobra? A imagem. Do que serviria o belo dom da palavra se não fosse o impacto das imagens? A maior arma é a palavra munida de uma filmadora. Incomparável é ver e se emocionar com os fatos. Mas, o ser olimpiano, aquele repórter que dá sua vida em nome da profissão e da informação, desce do pedestal e se mostra como cidadão comum, passível de emoções. Mostra-se como aquele homem-profissional que, como todos, está com medo, cuidando da sua própria vida e dos seus demais. Os cameramen viram irmãos, cada passo de um, seguido pelo outro.

O repórter e a imagem

Os ternos bem alinhados e as roupas impecáveis dão lugar ao colete à prova de balas. As maquiagens retocadas e os cabelos bem aparados cedem espaço a rostos cansados, camisas molhadas e cabelos ao vento. Nada ali, nenhuma postura se torna mais importante do que emocionar. Informar tocando o telespectador.

Neste momento, a referida imagem de descuido e falta de preocupação com a aparência, que em outras situações seria motivo de críticas e de desvio da atenção do fato narrado pelo telespectador, passa a ser agente facilitador. Ou seja, o receptor da mensagem, emocionado com o alto grau de envolvimento do repórter, com a vivência do fato, se aproxima do acontecimento, tendo pena, elogiando e até mesmo sentindo orgulho do profissional. Assim, a informação fica mais bem aceita. O que era erro, vira acerto.

A catarse, que em comunicação é considerada a grande descarga de sentidos e emoções, precisa ser canalizada e tida como o grande filão da eficiência de telejornalismo. Portanto, seja como for, informar é extremamente necessário. Agora, tocar, emocionar e marcar, é essencial. O repórter e a imagem passam a ser únicos e incomparáveis.

Texto também publicado no Observatório da Imprensa.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Instrumento de trabalho: A voz

O repórter de televisão precisa estar preocupado com sua desenvoltura, sua performance e a utilização de sua voz. As imagens das reportagens de TV são conhecidas por terem linguagem própria, direta. Mas os profissionais da área sabem que precisam de complemento, de interpretação. A pessoa escolhida para desempenhar essa função é o repórter. Para isso, é de extrema importância que ele tenha cuidados específicos e saiba usar da melhor maneira possível sua voz, para que a compreensão e disposição das informações transmitidas sejam feitas de forma clara o suficiente para que aliadas ao texto, não haja interpretação ambígua.

Além de se preocupar com o que vai ser dito, o texto, ele precisa estar atento a como vai ser dito. A voz do repórter televisivo precisa ser clara e pronunciada como boa dicção.

Quase em sua totalidade, as vozes podem ser melhoradas com treinamento, mas mesmo assim, existem aquelas que não são naturalmente adequadas para a locução, seja em TV ou em rádio.

É preciso que a dicção seja feita com pronúncia de todas as palavras e letras que compõe a frase de forma agradável e natural, com ritmo, altura e ressonância adequadas da voz para o tema que é narrado.

O ideal é que a locução seja feita de forma que soe natural para o ouvinte, com palavras e expressões que sejam compreendidas pelo público-alvo do telejornal. Precisa-se, portanto, garantir que as palavras sejam pronunciadas com inflecção, pois, algumas vozes logo se tornam monótonas ou excessivamente aceleradas.

A clareza com que o repórter transmite o fato merece atenção especial para que haja compreensão durante a recepção, evitando assim, dúvidas.

O texto em televisão, para garantir a emissão eficiente precisa ser interpretado, não sendo suficiente apenas lê-lo. Sentir o momento da execução da matéria e vivenciar o fato transmitido é outro segredo que deve ser considerado. A interpretação de um texto deve estar recheada de segurança, autoconfiança e determinação para que possa se atingir a credibilidade desejada.

A leitura e fala devem ter ritmo, devem ser exatas. “A leitura deve ter um ritmo pulsante. Um ritmo lento leva à monotonia e o telespectador pode ficar desinteressado. Já um ritmo muito rápido poderá prejudicar o entendimento” (NETO, 2008, p. 57).

Como instrumento de trabalho, a voz precisa ser utilizada de maneira eficaz. Ela não pode ser forçada, deve ser natural, mas é necessário emiti-la numa intensidade média e precisa estar bem colocada. O excesso de volume pode demonstrar vitalidade e energia, mas também pode indicar postura incorreta; quando é emitida com intensidade reduzida pode sugerir medo, insegurança ou timidez. A pronúncia da fala é outro fator determinante para a compreensão do fato. Palavras difíceis, nome estrangeiros ou incomuns, devem ser lidos com antecedência para evitar gafes ou até mesmo para que não haja emissão incorreta da palavra e assim, causar algum prejuízo, seja a quem for.

Com clareza, o texto surte seu efeito de forma eficaz. Ela é o melhor modo de se evitar compreensões dúbias.

Mais especificamente na passagem, manter um padrão de voz, tanto no ritmo, quanto na intensidade ajudam a boa compreensão. Uma boa voz também depende da postura do corpo e de um controle apropriado de respiração.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A simplicidade, o bom gosto X Interferência

É importante durante a transmissão da matéria telejornalística que o repórter, em suas passagens, não chame mais atenção do que o próprio fato noticiado, mas que ele seja parte facilitadora da transmissão. As roupas dos repórteres possuem influência direta na recepção do fato. Se a roupa do jornalista for inadequada, certamente o telespectador irá se distrair do fato e passará a prestar atenção em detalhes chamativos e irá analisar não o acontecimento, mas aquilo que o profissional estará vestindo. É, portanto, indispensável que o repórter use a roupa certa para cada ocasião.

Não há duvidas de que as roupas utilizadas por Ana Paula Padrão no Jornal da Record, por Fátima Bernardes no Jornal Nacional, ou por Sandra Annemberg no Jornal Hoje, se não estiverem de acordo com o público ao qual elas estão transmitindo as notícias, serão alvo de críticas e análises. Seja de telespectadores que consideram as indumentárias de bom ou mal gosto, ou até mesmo aqueles que assistem as transmissões apenas com o objetivo de copiar estilos, deixando de lado assim a função primordial da transmissão que é informar-se. Esta deve ser, portanto, um dos detalhes que mereçam mais cuidado durante as gravações, não chamar mais atenção do que o próprio fato e estar de acordo com a notícia e local em que são transmitidas.

Se o telespectador voltar toda sua atenção para uma blusa chamativa, para um terno inadequado, ou ao decote extravagante de uma repórter, ele inevitavelmente irá se distrair daquilo que está sendo dito na matéria. “(...) é essencial que a roupa utilizada pelo repórter/apresentador seja ao mesmo tempo discreta e apropriada para a ocasião”, (YORKE, 1998, p. 73). Sua aparência não deve distrair o telespectador.

Não combina, para o repórter de esporte, que ele faça uma passagem em um jogo de futebol, ou em um campeonato de canoagem vestindo terno e gravata, isso foge da linha homogênea de transmissão. Portanto, o bom senso do repórter é a melhor arma para que não se cometa nenhuma extravagância e desvie a atenção do receptor do que está sendo dito.

Alguns programas possuem suas próprias regras de vestuário. Por exemplo, qualquer tipo de matéria que seja feita pela equipe de esportes da Rede Globo, o repórter deve estar vestindo camisa especial da emissora para esse tipo de transmissão. Isso é uma forma de padronizar a forma dos repórteres, de causar identificação semiótica do telespectador com o tema, mas também de evitar possíveis deslizes dos próprios profissionais. Mas, quando a emissora não possui essa política deve-se partir para o bom senso.

“(...) se o repórter não tem normas rígidas para o vestuário – e isso provavelmente se aplica à maioria -, a única regra infalível é simplesmente vestir-se de forma que não chame atenção. Guarde as peças vistosas para os dias de folga”. (YORKE, 1998, p. 102)

Existem também, outros detalhes que devem ser considerados no momento da escolha da roupa para as transmissões. Em estúdios de televisão, por exemplo, onde os cromakeys são utilizados, ternos com listras finas, azuis e roupas em xadrez podem prejudicar a imagem captada pela câmera.

Outros detalhes também precisam ser ressaltados para que a transmissão seja feita de forma clara e sem ruídos. É preciso que os assessórios sejam usados com comedimento. Dependendo da peça que for escolhida, se for uma joia que ostenta poder e riqueza, o telespectador pode se sentir diminuído, por não poder ter acesso a bens como o que ele vê o repórter utilizando, e assim, mais uma vez, perder a atenção do fato transmitido. Outro lado é que o receptor, ao ver uma jóia, por exemplo, pode sentir um distanciamento muito grande entre ele e o jornalista e assim, a compreensão do fato ficar comprometida.

Os penteados dos repórteres também devem ser trabalhados com cuidado. Uma alteração repentina e drástica de cor ou corte de cabelo pode assustar o telespectador. Portanto, a melhor saída é a combinação de elegância e simplicidade. Fátima Bernardes é alvo de críticas e comentários por revistas de fofocas e por telespectadores todas as vezes que muda seu penteado. Tanto que, em algumas vezes que o novo corte não foi aceito pelo público, logo retornou ao seu estilo padrão.

Para os homens, as barbas não são muito bem vistas. Hoje em dia, com a popularização acentuada da televisão, os diretores de jornalismo estão ficando mais maleáveis, mas ainda sim, apenas os jornalistas mais velhos, com nome já consagrado, como por exemplo, Alexandre Garcia, tem total liberdade de usar a barba e bigode, mas nada que prejudique sua imagem.

Os telespectadores notam facilmente mudanças mesmo que sutis na aparência dos repórteres, portanto, o comedimento, cautela e principalmente o bom senso, são guias infalíveis para que ele seja artifício facilitador de compreensão.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Os vícios e a construção da notícia

O repórter de televisão convive diariamente com a tarefa de transmitir uma mesma informação atual e de interesse, para uma gama ampla da sociedade, aliando texto e imagem, que por sua vez é formada por diversas classes sociais e intelectuais. Isto implica na necessidade de que ele faça uso de artifícios de texto, imagens e semióticos suficientemente claros e objetivos para que seu objetivo principal de informar seja cumprido da melhor forma e de modo mais rápido.

A característica dominante do símbolo é fugir da palavra ou frase, escrita por extenso. Frase já é grupo de símbolos (palavras), por sua vez também compostas de símbolos (letras) de fugazes vibrações sonoras. E tudo isso sujeito a um código gramatical de origem empírica e lastrado com a inevitável imprecisão semântica, especialmente a deterioração do significado percebido através de gerações.” (WEIL; TOMPAKOW, 2008, p.25)

As teorias de produção e transmissão de matéria jornalística tomam conta de limitar a execução do trabalho do repórter, ou seja, ele produz sua matéria de forma a atingir o maior número de pessoas, mas de acordo com alguns preceitos e algumas regras que facilitem esse processo, tornando-o assim, teoricamente mais fácil. Mas, a grande pergunta para uma maioria expressiva desses profissionais é: como chegar a esse ponto, sem que o limite da qualidade fique muito longe e ao mesmo tempo que o mesmo não seja ultrapassado?

A resposta para esse questionamento pode estar no próprio dia a dia do repórter, basta que ele, de forma delicada, sutil e profissional, saiba reconhecer os detalhes que podem auxiliá-lo nessa tarefa.

As habilidades do profissional de telejornalismo para a produção de conteúdo influenciam no resultado do trabalho, mas para garantir que a informação chegue de forma eficaz ao receptor, não se pode considerar e analisar apenas o texto e as imagens que são transmitidas durante a matéria. É indispensável que detalhes como a postura do repórter, sua indumentária, a forma como a voz é utilizada e os próprios gestos executados, sejam identificados e analisados, para que todo o conjunto da transmissão em vídeo seja feita da melhor forma. É preciso levar em consideração que não são técnicas isoladas que interferem na emissão e compreensão de uma matéria jornalística, mas sim, conjuntos de detalhes que somam para a boa compreensão por parte do receptor no produto final, a informação. Portanto, como foi dito, o conteúdo, o conjunto merece toda e repleta atenção do profissional, para que, as técnicas somadas se traduzam, do outro lado do televisor em informação de fácil assimilação e conteúdo sedutor.

Para a compreensão exata desse processo, a análise dos três pilares principais que regem a linguagem do material produzido pelo repórter de telejornalismo, a indumentária, a voz e o corpo (aqui, considerando os gestos e posturas, é essencial).

São muitos os itens de construção da performance do repórter, cada um merece um detalhamento particular e personalizado. Mas é importante lembrar que as qualidades e defeitos de um profissional do vídeo são ressaltadas em grande proporções pelas câmeras.

Elas revelam as peculiaridades e vícios do repórter, estes detalhes podem fazer toda a diferença durante a transmissão. Revelam características e manias de maneira mais clara para o telespectador, os vícios posturais e de produção de conteúdo ficam evidentes com maior facilidade.

Para que isso não se torne um problema irremediável para a montagem e compreensão dos fatos, as ferramentas de semiótica e de jornalismo devem ser usadas de forma extremamente cuidadosa para que não sejam tomadas como agressivas nem sem cuidado. Por exemplo, os vícios de linguagem são fundamentais para o sucesso o fracasso na carreira do profissional de TV.

A linha que define para qual lado será levado, é o profissionalismo e o bom senso. Já o microfone funciona, se mal utilizado, como amplificador dos defeitos da fala. Ivor Yorke, considera então, a importância desses atributos e características como peças fundamentais para o bom resultado. “(...) gostemos ou não, voz e aparência também contam, não há como escapar da natureza humana”. (YORKE, 1998, p.57)

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Originalidade deve embasar a qualidade

Todo e qualquer conteúdo precisa ser embasado em algum outro modelo para que alcance algum lugar. Se uma fórmula de sucesso, como o Globo Repórter, por exemplo, está no ar há tanto tempo, por que não a Record colocaria no ar o Repórter Record? Se o Fantástico, da Globo, não atraísse a atenção de centenas de milhares de cidadãos, nada mais natural do que a sua concorrente colocasse no ar o Domingo Espetacular.

Seja pela originalidade ou pela tentativa da cópia, grandes programas de telejornalismo, de apresentação e de repórteres são vistos no cenário atual. Todo profissional desempenha uma função no mercado e, devido a seu sucesso, tende a ser copiado ou a servir de inspiração para outros. O que não se deve é lutar pela similaridade a todo custo. É necessário buscar um exemplo e aprender a criar e amadurecer suas próprias características ao longo do tempo.

O repórteres, ao desempenharem seu ofício, ao gravarem a passagem, precisam exercitar a qualidade diária de sua função, devem manter a qualidade ao nível mais alto, pelo menos tentando chegar até ela. É preciso que esse profissional busque o máximo de originalidade possível e elabore sua performance de maneira a auxiliar o telespectador a compreender ao fato, e não ser mais importante que ele. Ao tentar se parecer com algum outro repórter de sucesso, ele poderá nada mais do que diminuir a eficiência de sua função primária, que é informar com clareza. Estará assumindo papel de estrela, e não de repórter.

Outro aspecto a ser observado é o mimetismo que na ciência é considerado a semelhança com um organismo semelhante, também pode ser apropriado para o tema aqui tratado. O profissional que usa do mimetismo pode ser claramente detectado no desempenhar de sua função. É possível identificar a sua imitação por usar de características semelhantes a quem ele quer se parecer. Acaba se confundindo com ele, seja nos gestos, na fala, no olhar ou até mesmo na forma de se vestir e no jeito em que penteia os cabelos.

Mas existem ainda aqueles profissionais que não usam do mimetismo, mas de outra estratégia bem semelhante, a camuflagem. Perfis que se camuflam podem ser considerados cópias quase perfeitas que se assemelham em tanto com o profissional espelhado que chegam a se aproximar ao extremo do ideal, mas, por ser uma reprodução, não conseguem desempenhar o papel sem perder a aura. Isso tudo, para evitar a detecção da cópia, ou seja, da reprodutividade de sua performance diante das câmeras.

A originalidade deve, portanto, embasar a qualidade de um trabalho. Quanto mais original e regido por características próprias ele for, mais eficiente se dará sua função e objetivo.

Parte Final do texto "A identidade visual através da "recópia" publicado no site Obervatório da Imprensa.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Similaridade pode ser considerada cópia?

O sucesso de um modelo alerta a atenção de concorrentes. As emissoras Bandeirantes, SBT e Record, anos mais recentes no mercado, passaram a desempenhar o papel que o Repórter Esso e Jornal Nacional desempenharam em seu início, o de reprodutor. As técnicas de reprodução, em especial no século 20, atingiram níveis absurdos de qualidade e com elas todas as reproduções são capazes de manter suas características básicas e ainda melhorá-las no que for preciso. O avanço tecnológico foi utilizado como agente facilitador da reprodução, da cópia.

Mas, por mais perfeita que seja uma cópia, por mais fiel que sejam as reproduções de seu modelo, ainda assim alguma característica imperfeita, visível, estará presente. O Jornal Nacional só terá o efeito de sua exibição realmente como é de seu desejo se for exibido na Rede Globo, pois há todo um processo de sedução, legitimidade e credibilidade passada pelo canal e pelo programa ao telespectador. A bagagem histórica que o programa e o canal despertam nos telespectadores com apelo do discurso audiovisual de qualidade é imensamente maior do que a vontade de consumo de uma determinada informação. O consumo pode até acontecer, mas não se tornará fiel. Interpretando Walter Benjamin, à reprodução, por mais fiel que seja, sempre irá faltar algo. Por mais que uma obra seja de qualidade, ela irá perder alguma característica que a faça ser assistida por um grupo de telespectadores. A reprodução em massa de um produto origina a perda de sua aura.

Rede Globo e Rede Record na atualidade são as duas grandes forças do telejornalismo brasileiro. Estão disputando ao máximo, seja da forma de conteúdo, ou pela forma judicial, onde se atacam e impetram processos uma contra a outra. Investimentos que superam a casa dos milhões, como a Record fez ao gastar mais de R$100 milhões no lançamento e contratação de um time de 100 jornalistas para compor equipe e colocar no ar o novo site R7, que vem para competir com o G1, da concorrente. Aparências ou não, essa similaridade de conteúdos, de formas e de áreas de atuações podem ser consideradas cópias?

Parte II do texto "A identidade visual através da "recópia" publicado no site Obervatório da Imprensa.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A identidade visual através da "recópia"


Copiar não é fácil. Muitas vezes, a consequência é o trabalho mal feito ou réplica pobre de algo que já existe. Décadas atrás, muitos profissionais, programas ou modelos do telejornalismo brasileiro se pautaram em exemplos americanos, por ser uma atividade nova e ainda pouco difundida por aqui. Precisava-se, portanto, de um modelo. O Repórter Esso, na TV Tupi de Assis Chateaubriand, se estruturou da mesma forma dos programas americanos. Estruturas do radiojornalismo também foram importadas e adaptadas para a TV.

Os programas de telejornalismo americanos foram adaptados à realidade e à linguagem brasileira. Apenas a forma como as notícias eram distribuídas, os assuntos que regiam cada grupo de notícias e a forma como os jornalistas se portavam diante das câmeras é que foram incorporados. Já na importação do modelo do rádio, as alterações foram ainda mais intensas. A linguagem precisou sofrer uma adaptação pela limitação do tempo e a necessidade de aliar texto com imagem, os profissionais precisaram usar a voz em acordo com boa apresentação física. A voz pode conquistar mais a atenção e o respeito dos telespectadores pela forma como ela é utilizada.

Portanto, o telejornalismo brasileiro, desde sua implantação passou por uma série de embasamentos em outros modelos para que chegasse ao que é hoje. Com o passar dos anos, o Repórter Esso cedeu espaço, em 1969, ao Jornal Nacional. Mais ainda do que outros, o JN importou da forma mais fiel possível o modelo americano de telejornalismo, não sendo utilizada apenas a forma de ancoragem, que permitia maior mobilidade e oportunidade de emissão de opiniões dos apresentadores nos temas expostos.

No Jornal Nacional, o modelo de apresentação em bancada, não permite tanta maleabilidade. Dois apresentadores revezando-se na leitura das matérias, com roupas, cortes e posturas impecáveis, lendo as cabeças de forma fiel e sem emitir opinião ou qualquer tipo de comentário (cenário que gradativamente está mudando nos dias atuais).

Parte I do texto "A identidade visual através da "recópia" publicado no site Obervatório da Imprensa.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Dependência virtual

Resolvi fazer esse post, na verdade um parêntesis. É preciso parar para pensar, em alguns momento, o quão dependentes da tecnologia, da informática, ou seja, do mundo virtual, nós estamos nos tornando.

Digo isso por experiência própria. Acabei de ficar sem meus dois computadores, que, ironicamente, resolveram dar problema ao mesmo tempo. Completamente excluído do mundo digital. Parado no escritório de trabalho, o que temos para fazer? Absolutamente nada (pelo menos isso é o que me vem primeiramente na mente). (Ahh...vá ler um livro!!! - Não, aqui é para trabalhar).

A forma de contato com outras pessoas, como MSN, Orkut, E-mails fica completamente barrada. Uma crise surge aí: como manter contato? (Acredite, a situação pode ficar ainda pior. Imagine se você também estivesse sem telefone?).

Para mim, jornalista, sou completamente dependente de um computador, principalmente em uma redação. O contato com clientes, com fontes e até mesmo com colegas de trabalho fica completamente restrito. A situação, se agrava ainda mais, se tivermos que escrever uma matéria. Escrever até podemos conseguir, mas como revisar com rapidez? Como mandar para seu chefe editar? Como enviar para a diagramação.

É inegável a correlação de dependência que o jornalismo, mais especificamente o telejornalismo, está vivendo com o passar dos anos.

Bem vindo ao mundo da dependência virtual. Fique de fora e serás excluído do mundo.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Papo de cumadres

É claro que o telejornalismo brasileiro está sofrendo um intenso processo de reformulação. A linguagem, as posturas e os personagens estão em mutação, para chegar mais facilmente ao telespectador - como já foi dito em outros posts-.

Mas, na noite desta quarta-feira (3), aconteceu um fato no Jornal Nacional, que não há precedentes. Durante aproximadamente 45 segundos, Fátima Bernardes chamou a repórter do tempo Rosana Jatobá, no estúdio da filial do JN, e antes mesmo de iniciar a pergunta sobre o clima no país, discursou e indagou a repórter sobre sua gravidez.

Parecia, na verdade, um papo de cumadres. Autorizado, observado e compartilhado pelo seu marido, chefe e companheiro de bancada, William Bonner.

A figura olimpiana dos apresentadores do Jornal Nacional está sofrendo um processo de maleabilidade, de humanização, com o objetivo de torná-los mais próximos de seus receptores.

William chorar na despedida a Roberto Marinho, bater palmas na homenagem de Tim Lopes, ou então perguntar afagosamente a Fátima Bernardes onde ela está, nos jogos da Copa, ou então Fátima mandando um beijo a seus filhos ao vivo, já seriam exemplos suficientes para quebra da formalidade.

Mas, será que o limite, entre pitadas de informalidade e excesso de humanização já não está sendo quebrado?

Concordo que muitos dos telespectadores, uma parte menos graduada, pode ter considerado a brincadeira humana, calorosa e interessante. Mas, fica uma dúvida: será que deram tanta importancia para a previsão do tempo que foi dada logo em seguida?

Eu só consegui olhar para o relógio para ver até onde iria durar o bate papo.

Início da mudança

Hoje, vendo um noticiário da Globo News, um fato me chamou atenção.

Tradicionalmente, as faculdades de jornalismo e a própria prática do telejornalismo brasileiro nos apresenta dois tipos padrões de nota: a coberta e a seca (pelada). A primeira, o apresentador narra um fato enquanto são exibidas imagens. Na segunda, ao apresentador narra o acontecido sem nenhuma imagem para cobrir.

Inovação, adaptação e interação. Essa foi a surpresa que tive. Ao assistir o noticiário, se não me engano, a notícia era sobre o tombamento de uma carreta em São Paulo, o apresentador narrava o fato e ao fundo do estúdio, o telão interativo de imagem mostrava as cenas.

Uma mistura das duas notas tradicionais.

Confesso que fiquei surpreso, de uma forma positiva pois é uma inovação qualitativa dentro de um jornalismo tradicionalmente engessado, padronizado e pouco aberto a novas mudanças. É fato que esta "inovação" não representa grandes mudanças para o modelo já impetrado no cenário brasileiro, mas, de qualquer forma, é notável que há uma vertente mais moderna para o cenário nacional.

Um ponto é preciso ser ressaltado. A Globo News é um canal de jornalismo 24 horas. Um portal televisivo de conteúdo constante. É preciso que tenhamos realidade. Para mudanças como essas pularem de um canal a cabo de informação para um telejornal diário de televisão aberta, é um grande passo. Mas um passo, que pela análise do telejornalismo nacional, ainda não está preparado para fazer.

Talves o que mais se aproxima no telejornalismo aberto, seja na Record e no SBT, apresentadores (em pé) com uma tela LCD com ilustração dos fatos. Mas o apresentador apenas introduz o fato a ser narrado em matéria ou nota, não se compara, portanto, a "inovação" da Globo News.

Vamos ficar de olho. Mudanças vão chegar, mesmo que aos poucos.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A busca do novo

Diariamente, não apenas em telejornalismo, vivemos uma procura constante: a busca pelo novo. Quando tratamos de novo, nos referimos a situações, posturas, momentos e atitudes que inovam determinada área.

É uma tarefa muito difícil ser original, mais ainda, ser inovador. Ser original é ter postura própria, é ser autêntico e ao mesmo tempo eficiente. Já ser inovador, é fazer de um detalhe, um grande motivo para que sua postura se torne única, incomparável e crie discussões (no bom sentido da palavra).

Quando se alia originalidade com inovação: bingo! Você é uma peça rara. É dificil essa tarefa. Não por falta de vontade, mas as peças são tão diversificadas no jogo diário da vida, que achar apenas uma que seja um ícone, não é tarefa das mais fáceis.

No telejornalismo, isso não é diferente. Quanta mesmisse se vê por aí. Seja em formato, seja em postura, em linguagem, em padrões...

Mas, surpresas acontecem. Volta e meia um profissional se destaca. Mas....é, sempre tem um mas. Aí está a diferença: eles não duram muito. Seja por inveja, ou ainda mais, por ser fachada. Muitos dessas surpresas, não se perduram, não se mantém como destaque. Porém, quando conseguem ultrapassar essa barreira, uma chamada "fase de teste", atingem um degrau único, atingem uma onipotência, que aí sim, meus amigos leitores, fica difícil derrubar.

Mas (tá aí o mas mais uma vez), é preciso cuidado. É difícil lidar com o sentimento de "poder". Saber que você é muito bom em algo, que serve de modelo para outros, que novos profissionais se pautam em suas posturas está longe de mais de ser fácil. Mais uma vez, é preciso cuidado. Cuidado, porque, caso esse sentimento tome conta de você, duas coisas podem acontecer: 1-Você pdoe se tornar prepotente o suficiente para distanciar os seus seguidores (mas se mantém no alto devido a sua eficiência). 2- Você pode perder seu posto de "bambambam".

Afinal, ninguém é insubstituível. Ou melhor, pode até ser, mas até o ponto que alguem melhor ou de mais destaque não apareca.

O telejornalismo, no fundo é um negócio. Quem mais rende, mais vende. Quem mais vende, mais sobrevive.

É triste pensar friamente assim, mas isso pode evitar que quedas grandes se tornem realidade.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Simulacro: signo em si mesmo

Os modelos de profissionais desencadeiam cópias, sejam elas grosseiras ou não, e podem dar origem a outras formas de se fazer um mesmo trabalho e até mesmo o modelo que foi espelhado pode sofrer certa melhora, alguma ramificação pode surgir, seja ela positiva ou não. A simulação de que se está desempenhado sua função de forma original, quando não a está, origina um grande problema, a noção do verdadeiro e do falso, ou seja, ter certeza da realidade ou veracidade da originalidade daquilo que estamos assistindo. Essa percepção que nós temos sempre está sujeita a ser enganosa, ainda que esse engano seja superficial ou de um detalhe apenas.

A representação de determinado papel estará sempre levando ao telespectador a dúvida de qual produto, profissional ou performance ele está assistindo, se a dá original ou a da cópia. A Teoria do Simulacro de Jean Baudrillard (SIQUEIRA, 2007) considerava que livre do real, você pode fazer algo mais real que o real: o hiper-real. O que na prática do telejornalismo e nas performances de seus profissionais seria utilizar da postura de um telejornalista de forma mais original possível. Mesmo que ela tenha sido embasada de algum modelo, se não foi copiada, ela possui suas características próprias, ela consegue desempenhas papel único de agente de informação, de componente que acrescenta a informação, ou seja, não busca se lançar para além das aparências a fim de atingir sua essência. A naturalidade do meio de comunicação, no caso a televisão, deve ser respeitada, utilizada a favor da compreensão do fato por parte dos telespectadores.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

O último confronto

Falando do conteúdo, um debate morno. Niguem se atacou, ninguem se comprometeu. Os principais candidatos (Dilma e Serra) evitaram o contato direto. Em nenhum momento se confrontaram. Não perguntaram nada um ao outro. Medo?

No que se refere a parte técnica, telejornalisticamente falando, perfeição. É um erro compararmos com os quatro outros debater já feitos em televisão aberta. A TV Globo é extremamente mais experiente em realização de debates. Sempre, realizando-os na data limite da propaganda permitida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O cenário: um cenário claro, objetivo. Sem muita confusão de cores e efeitos por parte dos cenógrafos. As cores azul e branco ficaram em evidência, amenizando a força do tema em questão.

As câmeras: 8 câmeras se alternaram e se dividiram com a plateia, o mediador e os candidatos. Deixaram muito bem distribuidas as zonas de visão, cobrindo sempre quem falava. Não havia zona de vacuo no estúdio.

O apresentador: O mediador William Bonner se mostrou simples e forte ao mesmo tempo. Fez uma cabeça no debate para esclarecer os presentes e aos telespectadores. após isso, fez pura e simplesmente, a função de mediador. De uma maneira firme direcionava os candidatos e encerrava as repostas, decretando: "tempo candidato". Caso o candidato continuava, as câmeras cortavam do candidato para Bonner, que, singelamente, fazia uma careta de "só lamento".

A técnica: o uso do cronômetro foi perfeito. Claro, em posição de boa visão para os telespectadores e também para os candidatos. Outro fato interessante foi o posicionamento de William Bonner no debate. Em outros debates, os apresentadores ficavam entre os candidatos. Dois de cada lado. Já no debate da Globo, os candidatos ficavam lado a lado, e o mediador, de frente para todos eles, de costas para a plateia. Uma visão cara a cara com os presidenciáveis. Uma forma de mostrar o poder, sendo, de fato, o mediador.

A conclusão é imparcial: de fato, a Globo, quando quer e se esforça para tal, consegue ser única e impecável.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Liberdade! Uma necessidade!


"O desembargador Liberato Póvoa, do Tribunal Regional Eleitoral do Tocantins (TRE-TO), decretou censura ao Estado e a outros 83 veículos de imprensa, proibindo-os liminarmente de divulgar qualquer informação a respeito de investigação do Ministério Público de São Paulo que cita o governador Carlos Gaguim (PMDB) como integrante de organização criminosa para fraudes em licitações.

A mordaça, em 9 páginas, acolhe pedido em ação de investigação judicial eleitoral da coligação Força do Povo, formada por 11 partidos que apoiam Gaguim."

Esta foi a notícia estampada em muitos dos jornais de fora do estado de Tocantis durante alguns dias. A censura, que foi extinta de nosso país - pelo menos de forma clara - foi importa por uma autoridade judiciária na última semana.

Mas, uma notícia boa, o colegiado de juízes do próprio TRE-TO derrubou a medida do desembargador, por 4 votos a 2. Uma vitória para a democracia e para o direito de acesso a informação dos cidadãos brasileiros.

Atualmente os meios de comunicação de massa já estão sujeitos a linha editorial das empresas de comunicação. Isso já torna os jornalistas, irremediavelmente reféns. A liberdade de informação sujeita a aprovação editorial. Esta é a verdade.

Todos nós sabemos que a imparcialidade deve ser uma busca constante pelos profissionais da escrita, mas é utópica. Não podemos jamais é abandonar sua procura.

A liberdade de acesso a informação plena é um direito do cidadão brasileiro garantido nos parágrafos 5º e 220 da Constituição (eles garantem a liberdade de expressão e de informação e vedam qualquer forma de censura prévia). Nada pode estar acima disto, nem os interesses particulares, nem as "autoridades" judiciárias. Órgãos regulamentadores podem existir, mas jamais devem dizer o que a população deve ou não ter acesso.

Com o crescimento do nível intelectual, de informação e de instrução da população, devemos, gradativamente deixar que os róprios "consumidores de informação" escolham qual o caminho do conhecimento seguir.

A nós, jornalistas, cabe apenas a função de informar da melhor forma possível.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Novas mídias

Outro dia me deparei com uma jornalista dizendo: pra que devo "estudar" sobre novas mídias?

Dois pensamentos vieram imediatamente em minha cabeça:

1- Ela pode ter dito isto por não estar em sua linha de interesse/estudo.

2- Como alguem pode se excluir de adquirir este tipo de conhecimento?

Bem, sejamos claros, o ponto aqui não é discutir se ela está ou não certa, mas sim, qual a importância das novas mídias para o telejornalismo do século XXI.

A evolução do telejornalismo brasileiro coloca à prova a importância do acompanhamento das novas tecnologias.

As ilhas de edição se tornam cada vez mais modernas e informatizadas (ex.: não linear). As salas de controle ficam cada vez mais independentes, com apenas um clique, um programa pode ser colocado no ar. As fitas "betas" usadas nas filmadoras, foram substituídas junto com os equipamentos, por aparelhos menores e discos, com maior capacidade e fácil remanufaturamento.

Para conseguir acompanhar todo esse processo, é indispensável que o jornalista se atualize. Procure estudar, ler e se informar sobre a evolução tecnológica.

Os jornalistas e administradores Paulo Gandour e Ricardo Tonet, em uma palestra para estudantes, revelaram que o jornalismo do novo século, é o jornalismo prospectivo, que visa a interação entre produtor e receptor. Para tanto, as novas mídias tornam essa tarefa ainda mais fácil.

Telejornais diários buscam a interatividade com o telespectador. Dão endereços de sites para receber respostas, comentários e sugestões. Aí, mais uma vez, a internet é o meio usado.

Passar a interatividade para as novas mídias (Orkut, Facebook, Twitter...), faz com que o telespectador - que está em constante evolução tecnológica - sinta que a televisão, o telejornalismo, também está acompanhando este processo. O telespectador não pode se sentir isolado.

As novas mídias proporcionam um espaço de interatividade.

Precisam, porém, ser utilizadas de forma eficiente. O telejornalismo precisa ser adaptado a nova realidade.

O telejornalismo não perde sua natureza, muito menos sua função de informar se for adaptado e passar a "circular" também nas novas mídias. Ele irá agregar muito mais telespectadores/internautas, públicos e evoluir.