sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A simplicidade, o bom gosto X Interferência

É importante durante a transmissão da matéria telejornalística que o repórter, em suas passagens, não chame mais atenção do que o próprio fato noticiado, mas que ele seja parte facilitadora da transmissão. As roupas dos repórteres possuem influência direta na recepção do fato. Se a roupa do jornalista for inadequada, certamente o telespectador irá se distrair do fato e passará a prestar atenção em detalhes chamativos e irá analisar não o acontecimento, mas aquilo que o profissional estará vestindo. É, portanto, indispensável que o repórter use a roupa certa para cada ocasião.

Não há duvidas de que as roupas utilizadas por Ana Paula Padrão no Jornal da Record, por Fátima Bernardes no Jornal Nacional, ou por Sandra Annemberg no Jornal Hoje, se não estiverem de acordo com o público ao qual elas estão transmitindo as notícias, serão alvo de críticas e análises. Seja de telespectadores que consideram as indumentárias de bom ou mal gosto, ou até mesmo aqueles que assistem as transmissões apenas com o objetivo de copiar estilos, deixando de lado assim a função primordial da transmissão que é informar-se. Esta deve ser, portanto, um dos detalhes que mereçam mais cuidado durante as gravações, não chamar mais atenção do que o próprio fato e estar de acordo com a notícia e local em que são transmitidas.

Se o telespectador voltar toda sua atenção para uma blusa chamativa, para um terno inadequado, ou ao decote extravagante de uma repórter, ele inevitavelmente irá se distrair daquilo que está sendo dito na matéria. “(...) é essencial que a roupa utilizada pelo repórter/apresentador seja ao mesmo tempo discreta e apropriada para a ocasião”, (YORKE, 1998, p. 73). Sua aparência não deve distrair o telespectador.

Não combina, para o repórter de esporte, que ele faça uma passagem em um jogo de futebol, ou em um campeonato de canoagem vestindo terno e gravata, isso foge da linha homogênea de transmissão. Portanto, o bom senso do repórter é a melhor arma para que não se cometa nenhuma extravagância e desvie a atenção do receptor do que está sendo dito.

Alguns programas possuem suas próprias regras de vestuário. Por exemplo, qualquer tipo de matéria que seja feita pela equipe de esportes da Rede Globo, o repórter deve estar vestindo camisa especial da emissora para esse tipo de transmissão. Isso é uma forma de padronizar a forma dos repórteres, de causar identificação semiótica do telespectador com o tema, mas também de evitar possíveis deslizes dos próprios profissionais. Mas, quando a emissora não possui essa política deve-se partir para o bom senso.

“(...) se o repórter não tem normas rígidas para o vestuário – e isso provavelmente se aplica à maioria -, a única regra infalível é simplesmente vestir-se de forma que não chame atenção. Guarde as peças vistosas para os dias de folga”. (YORKE, 1998, p. 102)

Existem também, outros detalhes que devem ser considerados no momento da escolha da roupa para as transmissões. Em estúdios de televisão, por exemplo, onde os cromakeys são utilizados, ternos com listras finas, azuis e roupas em xadrez podem prejudicar a imagem captada pela câmera.

Outros detalhes também precisam ser ressaltados para que a transmissão seja feita de forma clara e sem ruídos. É preciso que os assessórios sejam usados com comedimento. Dependendo da peça que for escolhida, se for uma joia que ostenta poder e riqueza, o telespectador pode se sentir diminuído, por não poder ter acesso a bens como o que ele vê o repórter utilizando, e assim, mais uma vez, perder a atenção do fato transmitido. Outro lado é que o receptor, ao ver uma jóia, por exemplo, pode sentir um distanciamento muito grande entre ele e o jornalista e assim, a compreensão do fato ficar comprometida.

Os penteados dos repórteres também devem ser trabalhados com cuidado. Uma alteração repentina e drástica de cor ou corte de cabelo pode assustar o telespectador. Portanto, a melhor saída é a combinação de elegância e simplicidade. Fátima Bernardes é alvo de críticas e comentários por revistas de fofocas e por telespectadores todas as vezes que muda seu penteado. Tanto que, em algumas vezes que o novo corte não foi aceito pelo público, logo retornou ao seu estilo padrão.

Para os homens, as barbas não são muito bem vistas. Hoje em dia, com a popularização acentuada da televisão, os diretores de jornalismo estão ficando mais maleáveis, mas ainda sim, apenas os jornalistas mais velhos, com nome já consagrado, como por exemplo, Alexandre Garcia, tem total liberdade de usar a barba e bigode, mas nada que prejudique sua imagem.

Os telespectadores notam facilmente mudanças mesmo que sutis na aparência dos repórteres, portanto, o comedimento, cautela e principalmente o bom senso, são guias infalíveis para que ele seja artifício facilitador de compreensão.

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