quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Papo de cumadres

É claro que o telejornalismo brasileiro está sofrendo um intenso processo de reformulação. A linguagem, as posturas e os personagens estão em mutação, para chegar mais facilmente ao telespectador - como já foi dito em outros posts-.

Mas, na noite desta quarta-feira (3), aconteceu um fato no Jornal Nacional, que não há precedentes. Durante aproximadamente 45 segundos, Fátima Bernardes chamou a repórter do tempo Rosana Jatobá, no estúdio da filial do JN, e antes mesmo de iniciar a pergunta sobre o clima no país, discursou e indagou a repórter sobre sua gravidez.

Parecia, na verdade, um papo de cumadres. Autorizado, observado e compartilhado pelo seu marido, chefe e companheiro de bancada, William Bonner.

A figura olimpiana dos apresentadores do Jornal Nacional está sofrendo um processo de maleabilidade, de humanização, com o objetivo de torná-los mais próximos de seus receptores.

William chorar na despedida a Roberto Marinho, bater palmas na homenagem de Tim Lopes, ou então perguntar afagosamente a Fátima Bernardes onde ela está, nos jogos da Copa, ou então Fátima mandando um beijo a seus filhos ao vivo, já seriam exemplos suficientes para quebra da formalidade.

Mas, será que o limite, entre pitadas de informalidade e excesso de humanização já não está sendo quebrado?

Concordo que muitos dos telespectadores, uma parte menos graduada, pode ter considerado a brincadeira humana, calorosa e interessante. Mas, fica uma dúvida: será que deram tanta importancia para a previsão do tempo que foi dada logo em seguida?

Eu só consegui olhar para o relógio para ver até onde iria durar o bate papo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário