terça-feira, 29 de junho de 2010

De simples integrante a componente fundamantal

Uma das principais características da televisão é sua capacidade de fazer com que uma mesma mensagem seja compreendida da melhor forma possível por diversos tipos de receptores. Para isso é necessário utilizar linguagem que atinja a todos os níveis sociais e culturais. Mesmo com essa característica, está como uma das principais diferenças de sua linguagem, a forma particular de comunicação. Isto, para valorizar o receptor, para mostrar a ele sua importância e cativá-lo.

A matéria jornalística de televisão, antes de chegar a casa do telespectador percorre grande caminho.

Inúmeros fatos acontecem diariamente, cada um possui sua importância, sua abrangência e também seu interesse social.

É fato que a notícia recebe tratamento, uma série de características que a tornará ainda mais interessante e útil ao telespectador. Muitas vezes o fato por si só não se faz interessante, mas se bem editado, se for trabalhado de forma que prenda a atenção do telespectador, que busque a identificação com o conteúdo e forma, será bem maior do que se o acontecimento fosse simplesmente relatado.

O mediador assume papel fundamental. O mediador, pessoa que habita ou visita um fato, permite um fluxo permanente de sentidos, com novas experiências culturais e estéticas. A mediação é a articulação entre os processos de produção dos media e suas rotinas de utilização no contexto familiar, comunitário e nacional.

Já desempenhando o papel de mediador, o repórter de televisão tem seu trabalho iniciado ainda nas redações. A produção é a primeira parte a qual a reportagem deve passar, nesta etapa é vista a viabilidade e importância da pauta.

O trabalho do repórter de telejornalismo deve estar sempre cercado de atenção e sensibilidade ao seu entorno.

A televisão possui o atributo da imagem, que permite a economia de palavras. A preocupação de todo repórter deve ser a de fazer com que o texto e imagem caminhem juntos, sem competição.

Em telejornalismo, o texto deve ser escrito para ser falado; coloquial, simples e de fácil entendimento. Não pode conter palavras e expressões sofisticadas. Outro detalhe é que o texto de televisão deve ser entendido de forma instantânea. A repetição deixa o texto entediante, portanto, os textos devem ser o mais objetivos e diretos possíveis. Quando for lido, o texto precisa ter ritmo, para ser interessante.

Na televisão, construir a matéria deve ser como encaixar peças. Não há estrutura padrão para que a montagem surta o efeito desejado.

É importante considerar que cabe ao repórter e está sobre sua responsabilidade optar pela estrutura da matéria e como ela será montada.

Se o telespectador compreender o fato, tiver a sensação de que não precisou estar presente para entender a matéria, o repórter desempenhou seu trabalho com eficiência.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Uma outra visão.

Posto este e-mail que recebi, de autor desconhecido. Não apoio políticas de boicote e reafirmo que este texto não expressa minha opinião.

Estou postando-o apenas para instigar o pensamento crítico de como somos pautados pelos meios de comunicação, de como os objetivos que chegam até nós diariamente são escusos e acima de tudo, que o telejornalismo é feito por pessoas e interesses. Portanto, ser consumidores passivos não deve ser nossa realidade, mas sim, contestadores e lutar pelo jornalismo prospectivo, com participação na produção de conteúdo e na forma de fazer.


"Participe do “DIA SEM GLOBO”...

O técnico da seleção brasileira abriu fogo contra a “Rede Globo”. Dunga deu na canela do comentarista Alex Escobar (da Globo). Poucas horas depois, um dos apresentadores do programa Fantástico, Tadeu Schmidt, da África leu um editorial da emissora detonando o Dunga.

Tudo tem um porque, antes do ataque ao Dunga no Fantástico, o Jornal “O Globo” já havia descido a lenha na seleção e principalmente no seu treinador. Qual a razão dessa súbita mudança de comportamento?

Vamos aos fatos:

Segunda feira, véspera do jogo de estréia da Seleção Brasileira contra a Coréia do Norte, por volta de 11 h da manhã, hora local na África do Sul.

Eis que, de repente, aportam na entrada da concentração do Brasil, dona Fátima Bernardes, toda-poderosa Primeira Dama do Jornalismo Televisivo (Jornal Nacional), acompanhada do repórter Tino Marcos e mais uma equipe completa de filmagem, iluminação etc.

Indagada pelo chefe de segurança do que se tratava, a esposa do poderoso William Bonner sentenciou:

“Estamos aqui para fazer uma REPORTAGEM EXCLUSIVA para a TV Globo, com o treinador e alguns jogadores...”

Comunicado do fato, o técnico Dunga, PESSOALMENTE dirigiu-se ao portão e após ouvir da Sra. Fátima o mesmo blá-blá-blá, foi incisivo, curto e grosso, como convém a uma pessoa da sua formação:

“Desculpe-me, minha senhora, mas aqui não tem essa de “REPORTAGEM EXCLUSIVA” para a rede Globo. Ou a gente fala pra todas as emissoras de TV ou não fala pra nenhuma... ”

Brilhante!!! Pela vez primeira em mais de 40 anos, um brasileiro peitava publicamente a Vênus Platinada!!!

“Mas... - prosseguiu dona Fátima - esse acordo foi feito ontem entre o Renato (Maurício Prado, chefe de redação de esportes de O Globo) e o Presidente Ricardo Teixeira. Tenho autorização para realizar a matéria”.

Dunga: -” Não tem autorização, nem meia autorização, aqui nesse espaço eu é que resolvo o que é melhor para a minha equipe. E com licença que eu tenho mais o que fazer. E pode mandar dizer pro Ricardo Teixeira que se ele quiser insistir com isso, eu entrego o cargo agora mesmo! ”
O treinador então virou as costas para a supra-sumo do pedantismo e saiu sem ao menos se despedir.

Dunga pode até perder a classificação, a Copa, seu time pode até tomar uma goleada, enfim qualquer fiasco na África, mas sua atitude passa à história como um exemplo de coragem e independência, frente a uma das instituições privadas mais poderosas no País e que tem por hábito impor suas vontades, eis que é líder de audiência e por isso se acha acima do bem e do mal.

Em linguagem popular, o Dunga simplesmente “se lixou” para a Vênus Platinada!

Após a poderosa Globo, a mesma que levou o Collorido ao poder e depois o detonou por seus interesses, agora difama o Dunga, tá certo que o cara é meio Ogro, mas não teve o direito de se defender dos ataques em momento algum.

Falar mal do cara é liberdade de imprensa... Ouvir o cara não pode?

A reação do povo foi imediata. O editorial lido no programa "Fantástico", da Rede Globo, deu repercussão no mundo virtual. E pela primeira vez na história o Brasil inteiro apóia o técnico da Seleção. Só a Globo para conseguir isso...

Dentre os assuntos mais comentados no Twitter nesta segunda-feira (21), a frase: "Cala boca, Tadeu Schmidt", era líder absoluta. Superou até a antecessora: "Cala Boca, Galvão", que liderou por dias seguidos os Trending Topics.
E não parou por ai. Em apoio ao técnico da seleção brasileira, os twiteiros lançaram o "Dia sem Globo", que será nessa sexta-feira, quando o Brasil vai jogar com a seleção de Portugal, no encerramento da primeira fase da copa."

Ressalto mais uma vez: Tal texto não reflete a opinião profissional deste blog. É apenas a realidade que, parte dos consumidores de telejornalismo estão vivendo. Os números de audiência e de seguidores das campanhas no twitter refletem.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

O tempo passa...os padrões se adequam.

É importante considerarmos que o telejornalismo, mais do que algumas outras mídias sofre constante interferência dos avanços tecnológicos. A internet de forma avassaladora vem ganhando espaço e caindo no gosto de uma cama enorme de consumidores de informação.

Quando nos referimos a nomes já garantidos no mercado de TJ, como: William Bonner, Fátima Bernardes, Boris Casoy, Celso Freitas, Ana Paula Padrão, Cid Moreira e tantos outros, podemos perceber, principalmente um detalhe, o tempo passa.

Se o tempo passa, os avanços são inevitáveis. Nunca o mesmo profissional dos anos 60 se sairá tão bem nas redações, nas bancadas e nas matérias de rua como os profissionais de hoje. Não digo isso pela sua capacidade jornalística (a qual temos muitos profissionais antigos que são incontestavelmente melhores que os mais jovens), mas quanto a rapidez da assimilação do avanço tecnológico atual.

É preciso ter a consciência, existe espaço para todos os perfis no telejornalismo brasileiro. O preconceito existente por muitas redes e empresas nacionais fazem com que haja uma triagem exacerbada dos profissionais que até ela chegam, muitos assim, de alta qualidade, ficando de fora.

Tratemos de dois casos. O primeiro, da jornalista Leila Cordeiro, que em um post emocionado de desabafo, relatou sua história de vida profissional e pessoal. Relatou a dificuldade, já tendo passado dos 50 anos de reassumir um posto de destaque no telejornalismo brasileiro, tendo em vista sua bagagem e, segundo ela, a tudo que ela poderia agregar com seu conhecimento a uma nova oportunidade na TV. Mas, ao ter essa tentativa de retorno, todas as portas foram fechadas.

Outro caso, é a da jornalista Salete Lemos*, que foi demitida da TV Cultura por justa causa. O motivo alegado pela direçao da emissora é que a jornalista teria "falado de mais".

Para os dois casos, convido você leitor a uma análise breve e objetiva.

1) O tempo passa: Não é pelo simples fato de você ter dado uma boa contribuição ao jornalismo em determinada emissora ou época que você sempre terá seu lugar garantido. Tenha personalidade e persistência, sempre.

2) O mercado do telejornalismo é preconceituoso: Não por credos, classes sociais ou cor. É preconceituoso com novidades. As novidades, seja de perfis de profissionais ou de uma inovação de performance do telejornalista é levada com muita cautela, portanto, o padrão (quadrado) é mais considerado do que o inusitado - vide post sobre a evolução da linguagem.

3) A busca pela informalidade na linguagem do telejornalismo é perigosa. Dar espaço e liberdade ao repórter é um risco. É necessária alem de uma ética muito apurada, o censo profissional jornalístico para que nada seja dito afim de ferir uma parte, sem direito de resposta. TODOS nós somos tendenciosos, por mais que tentemos não ser. A busca pela diminuição dessa tendência deve ser constante.

4) A crítica sempre volta pra você: Ao criticar alguem, seja sua empresa, seu chefe ou o que for, deve-se ter muito cuidado. No telejornalismo, o mundo dá voltas de uma forma muito rápida e você pode sair prejudicado com isso.

5) Ninguem é insubstituível: Bons profissionais podem fazer falta, mas nunca são insubstituiveis. O tempo é o melhor remédio para o esquecimento.

Portanto, como já foi dito, não há perfil ideal de profissional. Mesmo com a busca pela queda dos padrões, há um modelo mais tradicional seguido pela maioria dos telejornais e tal, devido a sua potência, deve ser considerado.

Afinal, sempre há chance de ser diferente (de forma positiva) dentro do padrão. Faça-se notar com profissionalismo, determinação e ética.

* Este exemplo e o assunto do post foram sugeridos por uma leitora do site. Agradeço a contribuição e espero ter abordado o assunto de forma clara.

terça-feira, 8 de junho de 2010

"Onde está você Fátima Bernandes?"

No post passado falamos de linguagem. É interessante notar que, dentro dela, a língua nos permite adotar uma enormidade de neologismo. Sem dúvidas, os jargões são formas naturais e instigantes desta, que, é uma das línguas mais ricas do mundo, a língua portuguesa.

Jargões ou frases de impacto que ditas de forma repetitivas podem, depois de um tempo cair no esquecimento popular. Em meio a sua grande nuvem de popularidade, William Bonner, editor chefe e apresentador do Jornal Nacional (Rede Globo), profissional sério, padrão da forma de fazer telejornalismo na emissora, sempre guiado pela formalidade, pode ter e merecer algumas críticas, mas, no início da transmissão da Copa do Mundo de 2006, William perguntou: "Onde está você Fátima Bernandes?". Daí em diante, todo o Brasil queria saber da resposta (fato confirmado no livro "Modo de Fazer", do próprio Bonner, em parágrafo que citou a importância deste momento). Forma inusitada de se iniciar a transmissão, a cabeça de uma matéria e até mesmo um vivo, que normalmente é rechado de informações técnicas ou perguntas complexas aos repórteres.

Dividir a bancada e tornar a tarefa menos massante para o telespectador é tarefa difícil para os apresentadores. Usando essa frase, descomprometida e cativante, o apresentador do JN conseguiu, além de tirar um pouco da formalidade da sua apresentação (fato relevante devido ao tema abordado), fazer com que o telespectador se interessasse pela resposta, se perguntando, "onde estaria a Fátima?".

Curiosamente, na edição da última segunda-feira (7), William Bonner fez sua escalada do telejornal, e iniciou a bancada sozino, com a seguinte cabeça de matéria, acompanhe:

William Bonner: A cada quatro anos, todo brasileiro que gosta de futebol entra em sintonia com a Copa do Mundo. Os que não gostam, também. É quase inevitável. Todo mundo fala disso, todo mundo quer saber da Seleção, das seleções, do país do Mundial.

Por isso, a cada quatro anos, a Globo manda uma equipe enorme de profissionais pro país-sede. Este ano, foram mais de 200 pra África do Sul. E eu, sozinho nessa bancada, me vejo na obrigação de perguntar: onde está você, Fátima Bernardes?


Quem não se lembra da antiga brincadeira do "Onde está Wally?"? Pois é. A fórmula deu certo. Só a personagem que mudou e os destinos já são um pouco mais conhecidos pelo público. Mas mesmo assim, continuou dando muito certo.

O ponto de interesse desse tema é perceber quão sujeitos os telespectadores estão a fatos que, ao ver comum, são inicialmente irrelevantes, ou seja, uma simples frase, para tornar o assunto mais informal, para localizar o telespectador, se tornou em uma frase, quase que obrigatória para entreter a atenção dos telespectadores.

Afinal, era a pergunta ("onde está você?") de um jornalista para o outro, de um apresentador para sua companheira, de um marido para sua esposa. Separação? Jamais...

sábado, 5 de junho de 2010

A evolução da linguagem

"Ter o que falar é importante, mas saber como é fundamental."
KYRILLOS, Leny; CÔTES, Cláudia; FEIJÓ, Débora.

Como trabalhamos no post anterior as bases, modelos e inspirações são muito importantes para servir de cerne e de guia para os profissionais e também para os programas de telejornalismo que são lançados todos os anos no mercado televisivo, desde sua estreia.

É importante ressaltar que a linguagem do telejornalismo, nem sempre foi tão clara como vemos nos dias de hoje. Importada inicialmente do rádio a linguagem seguia certos padrões de intensidade e formato que limitavam a forma de interpretação, ou seja, havia uma locução do texto, que era coberto por imagens, cedidas por agências de notícias, visto que o aparato tecnológico e a capacidade logística da época era extremamente restrita.

A rápida recordação de alguns dos telejornais (em ordem cronológica) que alteraram em seu tempo a linguagem, a forma de se transmitir a notícia, não apenas em suas transmissões de bancadas, mas também, na forma com que as narrativas eram passadas pelos repórteres. O Repórter Esso, Tele Globo, Jornal Nacional e o Jornal da Record, podem ser considerados marcos na alteração da linguagem jornalística.

O formato engessado transmitido no início do telejornalismo, foi ganhando força ao longo dos anos, devido a necessidade da padronização da transmissão. Não cabia ao repórter ou ao apresentador, uma emissão de opinião sobre o tema abordado, visto que, no Brasil, o formato americano de ancoragem não foi importado com eficiência. Fazendo com que, as emissoras utilizassem apenas o formato de apresentação. Ressalta-se aqui, a diferença, mais atual, de Bóris Casoy, que de maneira exagerada ou não, foi um marco no desempenho da função de âncora no Brasil.

Durante muitos anos, a TV Tupi com seus telejornais, a TV Manchete, a Rede Globo, entre outros, utilizaram do padrão engessado e sem maleabilidade, dependentes do teleprompter para emitir as informações. O repórter de rua, não possui o TP para suas passagens e transmissões ao vivo, mas, de certa forma, mantem este formato, decorando o texto que será dito, sem se preocupar (em parte significativa dos casos) em narrar o fato, de forma ilustrativa e natural, afim de facilitar a compreensão.

Atualmente, com a difusão e quebra da onipotência suprema do Jornal Nacional da Rede Globo, o Jornal da Record obrigou, alcançando o segundo lugar da audiência nos horários nobres, incluindo no horário de seus telejornais principais, a uma revisão de seu formato. Portanto, o RJTV, por exemplo, e algumas edições do Globo Esporte (da praça carioca), sofreu a queda do TP, para estimular a naturalidade. Tática acertada, ou não, a estrutura da linguagem sofreu alterações, com diálogos entre os apresentadores, em tons de informalidade.

O telespectador, sente de forma profunda essas alterações e faz com que, em posse da mais potente arma já inventada pelo homem, o controle-remoto, qualquer alteração e mudança da linguagem que não seja positiva e tida de forma a agregar valor a compreensão, ele troque de canal (lembrando que o Jornal Nacional e o Jornal da Record, atualmente, têm horários semelhantes de exibição, tornado ainda mais vital os erros).

Seja pelos apresentadores, pelos repórteres, ao vivo ou em matérias previamente gravadas, a linguagem, seja ela falada (língua) ou não (semiótica), tem importância fundamental para os telespectadores e consequentemente, para a audiência (lucro).