quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Os vícios e a construção da notícia

O repórter de televisão convive diariamente com a tarefa de transmitir uma mesma informação atual e de interesse, para uma gama ampla da sociedade, aliando texto e imagem, que por sua vez é formada por diversas classes sociais e intelectuais. Isto implica na necessidade de que ele faça uso de artifícios de texto, imagens e semióticos suficientemente claros e objetivos para que seu objetivo principal de informar seja cumprido da melhor forma e de modo mais rápido.

A característica dominante do símbolo é fugir da palavra ou frase, escrita por extenso. Frase já é grupo de símbolos (palavras), por sua vez também compostas de símbolos (letras) de fugazes vibrações sonoras. E tudo isso sujeito a um código gramatical de origem empírica e lastrado com a inevitável imprecisão semântica, especialmente a deterioração do significado percebido através de gerações.” (WEIL; TOMPAKOW, 2008, p.25)

As teorias de produção e transmissão de matéria jornalística tomam conta de limitar a execução do trabalho do repórter, ou seja, ele produz sua matéria de forma a atingir o maior número de pessoas, mas de acordo com alguns preceitos e algumas regras que facilitem esse processo, tornando-o assim, teoricamente mais fácil. Mas, a grande pergunta para uma maioria expressiva desses profissionais é: como chegar a esse ponto, sem que o limite da qualidade fique muito longe e ao mesmo tempo que o mesmo não seja ultrapassado?

A resposta para esse questionamento pode estar no próprio dia a dia do repórter, basta que ele, de forma delicada, sutil e profissional, saiba reconhecer os detalhes que podem auxiliá-lo nessa tarefa.

As habilidades do profissional de telejornalismo para a produção de conteúdo influenciam no resultado do trabalho, mas para garantir que a informação chegue de forma eficaz ao receptor, não se pode considerar e analisar apenas o texto e as imagens que são transmitidas durante a matéria. É indispensável que detalhes como a postura do repórter, sua indumentária, a forma como a voz é utilizada e os próprios gestos executados, sejam identificados e analisados, para que todo o conjunto da transmissão em vídeo seja feita da melhor forma. É preciso levar em consideração que não são técnicas isoladas que interferem na emissão e compreensão de uma matéria jornalística, mas sim, conjuntos de detalhes que somam para a boa compreensão por parte do receptor no produto final, a informação. Portanto, como foi dito, o conteúdo, o conjunto merece toda e repleta atenção do profissional, para que, as técnicas somadas se traduzam, do outro lado do televisor em informação de fácil assimilação e conteúdo sedutor.

Para a compreensão exata desse processo, a análise dos três pilares principais que regem a linguagem do material produzido pelo repórter de telejornalismo, a indumentária, a voz e o corpo (aqui, considerando os gestos e posturas, é essencial).

São muitos os itens de construção da performance do repórter, cada um merece um detalhamento particular e personalizado. Mas é importante lembrar que as qualidades e defeitos de um profissional do vídeo são ressaltadas em grande proporções pelas câmeras.

Elas revelam as peculiaridades e vícios do repórter, estes detalhes podem fazer toda a diferença durante a transmissão. Revelam características e manias de maneira mais clara para o telespectador, os vícios posturais e de produção de conteúdo ficam evidentes com maior facilidade.

Para que isso não se torne um problema irremediável para a montagem e compreensão dos fatos, as ferramentas de semiótica e de jornalismo devem ser usadas de forma extremamente cuidadosa para que não sejam tomadas como agressivas nem sem cuidado. Por exemplo, os vícios de linguagem são fundamentais para o sucesso o fracasso na carreira do profissional de TV.

A linha que define para qual lado será levado, é o profissionalismo e o bom senso. Já o microfone funciona, se mal utilizado, como amplificador dos defeitos da fala. Ivor Yorke, considera então, a importância desses atributos e características como peças fundamentais para o bom resultado. “(...) gostemos ou não, voz e aparência também contam, não há como escapar da natureza humana”. (YORKE, 1998, p.57)

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