terça-feira, 21 de junho de 2011

Os filhos da mãe

Esta crônica sai do tema deste blog. Mas, em um momento de questionamento achei interessante escrevê-la....


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Uma linda história de amor. Reconhecimento e gratidão que não têm fim. Se pudessem traduzir, este, sem dúvida, é o amor mais puro e transparente que pode existir. As mães, criaturas especiais e únicas. Muito provavelmente "mãe" é a primeira palavra que sai de nossa boca, quando estamos aprendendo a falar. Mãe deixa de ser simples palavra e vira nome próprio, nosso e de mais ninguém. Indivisível e ao mesmo tempo multiplicável. Afinal, no coração de mãe sempre cabe mais um e o amor é, sempre, igual e especial para cada um de nós.


De outro lado, o pai. Ser robusto que passa segurança, fortaleza e energia. Com pulso firme e companheirismo únicos, são nosso exemplo de batalha e luta no dia a dia. Se as mães nos ensinam a doçura e ternura, os pais nos passam a força e os bons (aos olhos deles) gostos. A mãe nos ensina a religião. O pai, o time de futebol. E aí está o começo de tudo, somos, enfim, seres humanos.



A escolha do time de futebol é feia à revelia, por indicação, por indução ou naturalmente. O fato é, o time e seu e ninguém tasca. O brasão do clube se gruda ao seu peito e faz dele uma só pulsação. Faz dele seu. Por mais que haja milhões dividindo uma mesma paixão, não, não, o time é seu. Já imaginou, alguém fazer mal ao SEU time? Situação hipotética improvável e inconcebível.


Eis que, mesmo a contragosto da mãe, você vai ao estádio, que antes era uma visão longínqua dividida apenas modelável pela tela de uma televisão. Seu pai pensando, "este é meu garoto". Você está lá, frente a frente com seu time, seus ídolos. Dando certo ou não, seu time ganhando ou não, ele é seu e merece suas lágrimas, suas cordas vocais, sua vibração, sua entrega.



Como todo filme de amor tem seu momento de tensão e desgraça, neste "sonho", há um vilão. O ser, muitas vezes vestido de calção preto e camisa amarela (variando para preta e laranja - realmente, guarda-roupas limitado) é o tal. E ele tem súditos e seguidores, que fazem parte de sua corja do mal. Vestem a mesma indumentária, mas ao contrário do mestre, possuem uma área de atuação limitada. Têm, porém, ela: a bandeira. Quadriculada e mortal. A liga recebe vários nomes: trio de arbitragem, juiz e bandeirinha, por aí vai...


Autoridades máximas do futebol dentro das quatro linhas. Autoridade pros jogadores, técnicos e comissão técnica. Já para as torcidas.... Vai tentar convencer à torcida que eles não são filhos de pessoas de vida fácil...se conseguir, parabéns, meu caro, você é um vencedor - muito provavelmente com alguns hematomas para contar a história.

Todos nós, que no início aprendemos o lindo sentimento do amor materno, nos transformamos. A única mãe que presta é a nossa. Já a do árbitro e dos bandeirinhas....eles são todos filhos delas...mas elas....não são nem um pouco louváveis. Não são mais donas de casa, enfermeiras, professoras, engenheiras, etc. Deixam de ser Luizas, Marias, Rafaleas. Passam a ser, única e exclusivamente, as culpadas. Onde já se viu, o filho "delas" prejudicar o bem maior do ensinamento que seu pai lhe passou? Imperdoável.

Lá vai uma sugestão: que tal lembrarmos que somos todos filhos de alguma mãe? Levantemos uma bandeira, a bandeira do respeito a mãe alheia, pensando nos ensinamentos de nossas progenitoras. Mas, se o árbitro, insistir em ferir o SEU time...esqueça a teoria do bom relacionamento social...afinal, antes a mãe dele do que a nossa...

domingo, 12 de junho de 2011

Informação e credibilidade: percepção dos signos em Telejornalismo

A transmissão em telejornalismo é muito mais complexa e completa do que muitas pessoas pensam. A junção de diferentes artifícios da comunicação e de técnicas da produção e emissão da mensagem fazem a diferença para o trabalho final, seja ele informar, ou prender a atenção do telespectador. Além da voz, o repórter aparece no vídeo durante a transmissão de uma notícia em TV. Portanto, é indispensável que ele tenha cuidado com a postura corporal, seus gestos e com sua expressão facial. Quanto mais natural e sincero em suas gravações ele for, mais credibilidade ele irá transmitir. Como considera Constantin Stanislavski, “para representar verdadeiramente, vocês devem enveredar pelo caminho dos objetivos certos, como se estes fossem sinais de demarcação a orientá-lo através de uma planície árida e deserta” (STANISLAVISKI, 1989, p.27 e 28).

Os textos decorados, ao serem gravados, soam menos naturalmente do que quando se está em uma conversa informal. Mesmo que mais experiente ou natural que o repórter esteja, sempre fica sujeito a ansiedade. Portanto, as cadeiras de faculdade, que ensinam e dão diretrizes aos estudantes de comunicação, precisam transmitir aos mesmos que compreender um fato e contá-lo ao telespectador é mais importante do que tratá-lo com excessiva distância, decorá-lo e simplesmente falá-lo. Humanizar o fato deve ser uma preocupação, facilitando a aproximação entre opostos.

Antes mesmo que algum texto seja dito durante a passagem o repórter já emitiu uma mensagem através dos seus elementos não verbais, os movimentos do corpo. O repórter não deve aparecer falando sobre o falecimento de alguém, com expressão de felicidade, com sorriso no rosto. É preciso que o corpo esteja em sintonia com o que está sendo dito, e também com as imagens para que a mensagem que se quer transmitir seja única e não confunda o telespectador, com falta de sincronismo entre os elementos de produção da matéria. Exemplo disso é quando o repórter estiver falando do dia anterior e fizer um gesto com a mão indicado o hoje, o agora. Ou então quando estiver fazendo uma negativa na frase e seu gesto apontar de forma positiva. Nesses exemplos, a expressão corporal estará contradizendo o que ele está falando.

As entradas do repórter na matéria, com suas passagens, devem ser naturais e alguns cuidados com a postura devem ser tomados. Por exemplo, tronco curvado e ombros caídos passam imagem negativa, de desânimo. Ou a postura excessivamente dura, sem mobilidade dá a impressão de prepotência e arrogância. Essas incoerências de posturas causam também, distanciamento entre o emissor e o receptor, prejudicando a compreensão.

Em relação à melhor utilização do corpo nas passagens do telejornalismo é aconselhável manter postura natural. Na maioria das vezes o repórter é filmado da cintura para cima, em plano americano, e uma das mãos aparece segurando o microfone, que deve estar mais ou menos a um palmo do queixo. O tempo da filmagem, na maioria das vezes é curto, e um ou dois gestos com as mãos no máximo, são suficientes. Usar os gestos e afeições com comedimento é a melhor solução para uma passagem sóbria.

Os cuidados com o corpo, com a aparência devem ser preocupações do próprio repórter com aquilo que vai refletir diretamente na eficiência do seu trabalho.

A consultora de moda Regina Martelli, citada por João Elias da Cruz Neto (2008), considera que a informação deve receber muita atenção, mas na hora do repórter aparecer no vídeo é preciso saber o que pode interferir na compreensão do fato.

Essas posturas levam a crer que o telejornalismo está muito discretamente ampliando suas formas, mas muito ainda será feito. É necessária a diminuição entre a distância imposta entre emissor e receptor. Buscar cada vez mais no telespectador a cumplicidade, fazendo o repórter um componente da construção e compreensão da mensagem.