sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Similaridade pode ser considerada cópia?

O sucesso de um modelo alerta a atenção de concorrentes. As emissoras Bandeirantes, SBT e Record, anos mais recentes no mercado, passaram a desempenhar o papel que o Repórter Esso e Jornal Nacional desempenharam em seu início, o de reprodutor. As técnicas de reprodução, em especial no século 20, atingiram níveis absurdos de qualidade e com elas todas as reproduções são capazes de manter suas características básicas e ainda melhorá-las no que for preciso. O avanço tecnológico foi utilizado como agente facilitador da reprodução, da cópia.

Mas, por mais perfeita que seja uma cópia, por mais fiel que sejam as reproduções de seu modelo, ainda assim alguma característica imperfeita, visível, estará presente. O Jornal Nacional só terá o efeito de sua exibição realmente como é de seu desejo se for exibido na Rede Globo, pois há todo um processo de sedução, legitimidade e credibilidade passada pelo canal e pelo programa ao telespectador. A bagagem histórica que o programa e o canal despertam nos telespectadores com apelo do discurso audiovisual de qualidade é imensamente maior do que a vontade de consumo de uma determinada informação. O consumo pode até acontecer, mas não se tornará fiel. Interpretando Walter Benjamin, à reprodução, por mais fiel que seja, sempre irá faltar algo. Por mais que uma obra seja de qualidade, ela irá perder alguma característica que a faça ser assistida por um grupo de telespectadores. A reprodução em massa de um produto origina a perda de sua aura.

Rede Globo e Rede Record na atualidade são as duas grandes forças do telejornalismo brasileiro. Estão disputando ao máximo, seja da forma de conteúdo, ou pela forma judicial, onde se atacam e impetram processos uma contra a outra. Investimentos que superam a casa dos milhões, como a Record fez ao gastar mais de R$100 milhões no lançamento e contratação de um time de 100 jornalistas para compor equipe e colocar no ar o novo site R7, que vem para competir com o G1, da concorrente. Aparências ou não, essa similaridade de conteúdos, de formas e de áreas de atuações podem ser consideradas cópias?

Parte II do texto "A identidade visual através da "recópia" publicado no site Obervatório da Imprensa.

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