quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A identidade visual através da "recópia"


Copiar não é fácil. Muitas vezes, a consequência é o trabalho mal feito ou réplica pobre de algo que já existe. Décadas atrás, muitos profissionais, programas ou modelos do telejornalismo brasileiro se pautaram em exemplos americanos, por ser uma atividade nova e ainda pouco difundida por aqui. Precisava-se, portanto, de um modelo. O Repórter Esso, na TV Tupi de Assis Chateaubriand, se estruturou da mesma forma dos programas americanos. Estruturas do radiojornalismo também foram importadas e adaptadas para a TV.

Os programas de telejornalismo americanos foram adaptados à realidade e à linguagem brasileira. Apenas a forma como as notícias eram distribuídas, os assuntos que regiam cada grupo de notícias e a forma como os jornalistas se portavam diante das câmeras é que foram incorporados. Já na importação do modelo do rádio, as alterações foram ainda mais intensas. A linguagem precisou sofrer uma adaptação pela limitação do tempo e a necessidade de aliar texto com imagem, os profissionais precisaram usar a voz em acordo com boa apresentação física. A voz pode conquistar mais a atenção e o respeito dos telespectadores pela forma como ela é utilizada.

Portanto, o telejornalismo brasileiro, desde sua implantação passou por uma série de embasamentos em outros modelos para que chegasse ao que é hoje. Com o passar dos anos, o Repórter Esso cedeu espaço, em 1969, ao Jornal Nacional. Mais ainda do que outros, o JN importou da forma mais fiel possível o modelo americano de telejornalismo, não sendo utilizada apenas a forma de ancoragem, que permitia maior mobilidade e oportunidade de emissão de opiniões dos apresentadores nos temas expostos.

No Jornal Nacional, o modelo de apresentação em bancada, não permite tanta maleabilidade. Dois apresentadores revezando-se na leitura das matérias, com roupas, cortes e posturas impecáveis, lendo as cabeças de forma fiel e sem emitir opinião ou qualquer tipo de comentário (cenário que gradativamente está mudando nos dias atuais).

Parte I do texto "A identidade visual através da "recópia" publicado no site Obervatório da Imprensa.

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