terça-feira, 8 de junho de 2010

"Onde está você Fátima Bernandes?"

No post passado falamos de linguagem. É interessante notar que, dentro dela, a língua nos permite adotar uma enormidade de neologismo. Sem dúvidas, os jargões são formas naturais e instigantes desta, que, é uma das línguas mais ricas do mundo, a língua portuguesa.

Jargões ou frases de impacto que ditas de forma repetitivas podem, depois de um tempo cair no esquecimento popular. Em meio a sua grande nuvem de popularidade, William Bonner, editor chefe e apresentador do Jornal Nacional (Rede Globo), profissional sério, padrão da forma de fazer telejornalismo na emissora, sempre guiado pela formalidade, pode ter e merecer algumas críticas, mas, no início da transmissão da Copa do Mundo de 2006, William perguntou: "Onde está você Fátima Bernandes?". Daí em diante, todo o Brasil queria saber da resposta (fato confirmado no livro "Modo de Fazer", do próprio Bonner, em parágrafo que citou a importância deste momento). Forma inusitada de se iniciar a transmissão, a cabeça de uma matéria e até mesmo um vivo, que normalmente é rechado de informações técnicas ou perguntas complexas aos repórteres.

Dividir a bancada e tornar a tarefa menos massante para o telespectador é tarefa difícil para os apresentadores. Usando essa frase, descomprometida e cativante, o apresentador do JN conseguiu, além de tirar um pouco da formalidade da sua apresentação (fato relevante devido ao tema abordado), fazer com que o telespectador se interessasse pela resposta, se perguntando, "onde estaria a Fátima?".

Curiosamente, na edição da última segunda-feira (7), William Bonner fez sua escalada do telejornal, e iniciou a bancada sozino, com a seguinte cabeça de matéria, acompanhe:

William Bonner: A cada quatro anos, todo brasileiro que gosta de futebol entra em sintonia com a Copa do Mundo. Os que não gostam, também. É quase inevitável. Todo mundo fala disso, todo mundo quer saber da Seleção, das seleções, do país do Mundial.

Por isso, a cada quatro anos, a Globo manda uma equipe enorme de profissionais pro país-sede. Este ano, foram mais de 200 pra África do Sul. E eu, sozinho nessa bancada, me vejo na obrigação de perguntar: onde está você, Fátima Bernardes?


Quem não se lembra da antiga brincadeira do "Onde está Wally?"? Pois é. A fórmula deu certo. Só a personagem que mudou e os destinos já são um pouco mais conhecidos pelo público. Mas mesmo assim, continuou dando muito certo.

O ponto de interesse desse tema é perceber quão sujeitos os telespectadores estão a fatos que, ao ver comum, são inicialmente irrelevantes, ou seja, uma simples frase, para tornar o assunto mais informal, para localizar o telespectador, se tornou em uma frase, quase que obrigatória para entreter a atenção dos telespectadores.

Afinal, era a pergunta ("onde está você?") de um jornalista para o outro, de um apresentador para sua companheira, de um marido para sua esposa. Separação? Jamais...

Um comentário:

  1. Olha, cada dia que venho aqui me surpreendo com os temas e com seus textos. Estávamos precisando de pessoas assim como você para darem uma nova visão e leitura dos acontecimentos do telejornalismo.

    Mesmo não gostando da Fátima Bernardes, esse fato que você narrou é muito bom, mas é claro, que tudo isso é graças ao TODO PODEROSO apresentador do Jornal Nacional, William Bonner.

    Eu confesso que achei super interessante o Bonner com a Renata Vasconcelos apresentando o jornal Nacional. Acredito que como não sou simpática à Fátima, todos que se apresentarem lá são melhores. Ops! não é bem assim, lembrei-me de uma jornalista que não gosto: Alexandre Garcia...

    bom, no mais, estou adorando este espaço...

    Abraços carinhosos...
    Lívia Nascimento

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